Por acordo com governo, deputados retiraram trecho que dispensava uma das etapas do Revalida para médicos do programa. Texto vai ao Senado.
Logomarca do programa ‘Mais Médicos Para o Brasil’
A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (14) uma medida provisória que relançou o programa Mais Médicos, que tem como um dos objetivos diminuir a carência dos profissionais em regiões vulneráveis e expandir o atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS).
O texto-base foi aprovado por 353 votos a favor a 58 contrários. Um dos pontos mais polêmicos, que dispensava uma das etapas do Revalida para inscritos no programa, foi retirado por acordo com o governo. Com isso, a proposta segue para o Senado.
Por se tratar de uma MP, o texto já estava em vigor desde que foi editado pelo governo. Contudo, para se tornar lei em definitivo, precisa ser aprovado em até 120 dias pelo Congresso. A proposta perde a validade no dia 2 de agosto.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chegou a refundar o programa com o nome Médicos pelo Brasil. Ao longo do governo Bolsonaro, 5 mil vagas deixaram de ser preenchidas.
Entre outros pontos, a medida provisória aprovada pelos deputados prevê incentivos adicionais para médicos que atuarem por longo período no projeto em área de “difícil fixação”:
- 20% do valor da bolsa para quem ficar por 4 anos em área de vulnerabilidade indicada em ato do Ministério da Saúde;
- e 10% adicional para quem atuar por 4 anos nos demais municípios de difícil fixação.
Há também um adicional para médicos formados por meio do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies):
- 80% do total das bolsas, em caso de áreas vulneráveis;
- e 40% da bolsa, nos demais municípios.
O benefício, contudo, também será restrito a número de vagas, que ainda será definido pelo Ministério da Saúde.
Além disso, o texto prevê indenização por formação em especialidades estratégicas para o SUS. Formados pelo Fies poderão ter remissão total do saldo devedor se ingressarem em residência de Medicina de Família e Comunidade e cumprirem, de forma ininterrupta, dois anos de formação.
A proposta também inclui como regiões prioritárias, dentro dos critérios de vulnerabilidade, os Distritos Sanitários Especiais Indígenas, as comunidades remanescentes de quilombos e as comunidades ribeirinhas.
Revalida
Um dos pontos mais discutido entre os parlamentares foi a dispensa para médicos formados em países estrangeiros da prova prática do Revalida — um exame necessário para validar o diploma no Brasil e poder exercer a profissão no país.
A versão aprovada na comissão mista que debateu a MP dispensava a prova prática para médicos que já atuassem por quatro anos no programa e fossem aprovados em avaliações periódicas.
Antes da votação do texto-base, o líder do governo, deputado José Guimarães (PT-CE), fez um acordo em favor da retirada desse ponto, que foi alvo de um destaque (votação em separado para retirá-lo) do PL.