A pandemia provocou uma verdadeira revolução no ensino a distância, mostrando a possibilidade prática na aplicação das tecnologias digitais na educação de crianças e adultos
postado em 23/12/2022 06:00
(Crédito: Thomas Park/Unsplash)
Entre as muitas consequências trazidas pela pandemia da covid-19, algumas delas podem ser inseridas no rol dos efeitos positivos da doença, mostrando, mais uma vez, não apenas a capacidade ilimitada de resiliência do ser humano frente as catástrofes, mas, sobretudo, sua aptidão para retirar dessas tragédias ensinamentos e novos modelos de sobrevivência e de adaptação a um mundo em rápida mudança e indiferente ao destino dos homens sobre o planeta.
Por certo, a pandemia provocou mudanças em todos os setores da vida humana. Alterou padrões de comportamento dentro das sociedades, e mostrou a necessidade de se adotar novos modelos de interação, no trabalho, na produção e nas relações pessoais. Uma dessas mudanças e que mais vem chamando a atenção de todos, justamente do setor produtivo laboral e intelectual.
Houve uma aceleração no uso das tecnologias digitais e uma expansão exponencial dos meios de comunicação pelas mídias sociais. O trabalho remoto, que antes parecia uma inovação ainda distante da realidade de nosso país, ganhou fôlego e uma necessidade imediata, multiplicando por mil o número de pessoas que passou a dar expediente de casa.
A pandemia provocou também uma verdadeira revolução no ensino a distância, mostrando a possibilidade prática na aplicação das tecnologias digitais na educação de crianças e adultos. Às vésperas da chamada Quarta Revolução Industrial, marcada pela convergência de tecnologias digitais, físicas e biológicas, com automação total das fábricas e da adoção dos sistemas ciber físicos, de robôs, da inteligência artificial, no que vem sendo denominado internet das coisas, os sistemas educacionais, devem, o quanto antes adotar as novas tecnologias, modificando sensivelmente os antigos modelos de ensino ao aproximar os alunos e mestres desse mundo em transformação.
Daqui para frente, o mundo será movido, essencialmente, pelas tecnologias disponíveis e por aquelas que estão por vir num futuro próximo. De olho nessas mudanças, o plenário do Senado aprovou esta semana (20) projeto de lei vindo da Câmara dos Deputados que cria Política Nacional de Educação Digital (PL 4.513/2020), prevendo o ensino nas escolas pública, das disciplinas de computação, programação e robótica. O projeto altera também dispositivos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, introduzindo nos currículos da educação básica o ensino das competências digitais ao longo de várias etapas, desde o ensino fundamental.
Desse modo, todos os níveis de escolaridade incluirão em seus currículos, aulas de programação, computação, robótica e outras disciplinas correlatas às tecnologias digitais. Também foram incluídas as demandas da educação digital no âmbito da Política Nacional do Livro. Os parlamentares que defenderam esse texto incluíram ainda no Projeto dispositivos que amparem e demonstrem a necessidade de uma política de educação voltada para o mundo digital, observando as vulnerabilidades sociais e econômicas dos alunos brasileiros.
Com isso, o projeto tratará, como prioritário, o atendimento aos alunos menos favorecidos. Diz a deputada Ângela Amin: “Os desafios, e os benefícios potenciais da educação digital são múltiplos. Do ponto de vista do mercado de trabalho, há uma lacuna de competências a preencher, pois um número crescente de empregos exige um alto nível de proficiência no uso de tecnologias e muitos novos empregos são baseados em habilidades digitais especializadas. Do ponto de vista social, o desafio é de inclusão: uma divisão digital entre aqueles com nenhuma ou apenas habilidades digitais básicas e outros com habilidades de nível superior pode ampliar as lacunas existentes na nossa sociedade e excluir ainda mais algumas partes da população”.